quinta-feira, 30 de abril de 2009

salmão com ervas, risos e lágrimas

Fui fazer compras e um salmão fresquinho acabara de chegar às prateleiras. Foi na semana que a Helena ficou doente, eu faria o jantar, decidi ali mesmo: seria salmão com ervas da vovó. Não sabia onde estava a receita, mas tava tudo mais ou menos na cabeça.
Mais tarde, em casa, separei os ingredientes e chamei o Marcelinho para me ajudar.

Comecei a mexer naquele salmão e minha mente foi imediatamente levada ao dia em que aprendi essa receita, na cozinha vendo minha avó preparar um almoço, tudo tão vivo que parecia que eu estava lá.


Era fim de julho ou começo de agosto de 2005. Um começo de tarde ensolarado e quase alegre, vovó na cozinha como sempre, cheguei perto querendo aprender. Bbloquinho de anotações na mão (que, por sinal, perdi!) e ela foi me ensinando: 'Primeiro, lava bem o salmão (era um filé grande, sem pele) na água corrente, esfrega bem ele, assim. Agora faz você'. Eu comecei a lavar o salmão e umas bolhinhas começaram a se formar, achei estranho e perguntei se por acaso ela tinha passado sabão no peixe. Ela deeeeu risada, aqueles olhos verdes com raios amarelos brilhando de alegria: 'hahahahha, olha Tânia (minha mãe, que estava do lado), ela acha que tem que lavar o peixe com sabão!!!' É claro que não, era só água, mas nos divertimos à beça com o episódio. Ela logo ficou séria e foi explicando, concentrada: você pega um pirex refratário, deita o peixe ali e vai temperando: coloca uma pitada de sal de cada lado, espalha bem; acrescenta um pouco de vinho branco (1/2 copo, mais ou menos), espreme meio limão e vai acrecentando ervas frescas - eu gosto muito de alecrim, orégano e tomilho (acho que eram essas, é possível que tivesse manjericão também), põe um pouquinho de cada. Rega bem com azeite. E o mais importante: vai provando e vendo se o tempero está ficando gostoso. Tá vendo? Prove. (ela provara primeiro). Está faltando um pouco de sal.

As palavras iam vindo na minha cabeça na medida em que eu ia preparando o prato, e o Marcelinho me ajudando. Lavamos o salmão, colocamos na travessa, temperamos com o que tinha em casa - estava sem vinho branco e o limão que tinha era aquele limão-cravo, e assim foi, e as queridas ervas frescas do jardim: tomilho, alecrim e orégano, 1 ou 2 galhinho de cada. Marcelinho se divertiu esfregando os temperos no peixe, colocou a mão na massa. Era como se estivéssemos cozinhando a 6 mãos, eu, ele e a 'Bisa' Anna, cuja presença era tão forte que pareceia que estava ali, cozinhando com a gente... Provei o resultado da nossa mistura e até que estava bem gostoso, e junto com o tempero veio o sabor daquele dia com a vovó, uma saudade gostosa e vibrante.
Cobrimos a travessa e deixamos o salmão descansando no tempero enquanto preparávamos os outros pratos.
De acompanhamento fiz um purê de mandioquinha e arroz de 7 grãos. O Marcelinho se empenhou me ajudando a espremer a mandioquinha com o espremedor, adorou, queria comer direto e mal me deixou acrescentar um pouco de leite e margarina pra ficar mais cremoso. Apesar da idéia inicial ser assar o salmão, decidi grelhar um pedaço pro Marcelinho pra ir mais rápido, ele já estava com fome. Ficou delicioso! Ele comeu muuuito salmão com purê de mandioquinha, sozinho, sentado no banquinho da cozinha. O arroz ficaria para os adultos.
O Filé (meu marido, não o de salmão!) demorou pra chegar e o peixe acabou mais cozido do que eu gostaria, quase ressecado, mas a refeição ficou muito gostosa. Da próxima vez quero deixar o salmão marinando no tempero por mais tempo e tentar acertar melhor o timing no forno - acho que uns 20 minutos, coberto com papel alumínio, teria dado. Ah, esqueci de contar que aproveitei o gergelim do arroz de frango do outro dia e coloquei por cima do salmão, ficou legal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mais de Mim

Pensamentos, poesias e relatos pessoais no http://algodebom-tati.blogspot.com