quinta-feira, 28 de maio de 2009

Gostinho de Infância

Tem alguns cheiros e sabores que marcam nossas vidas - uma pessoa, um momento, uma fase, uma lembrança - e funcionam como um túnel do tempo que nos leva de volta ao passado. Pois com essa torta foi assim, prepará-la e comê-la foi uma deliciosa e saudosa volta à infância.
Pra quem não tem o sabor das lembranças, ainda sim é uma ótima torta!

RECEITA DA TORTA DE BANANA DA VOVÓ ANNA
Ingredientes:
2 colheres de sopa cheias de manteiga ou margarina, temperatura ambiente
7 a 10 colheres de sopa de farinha3 colheres de sopa rasas de açúcar (eu usei o mascavo, adorei)
1 ovo batido inteiro (bater só o suficiente pra misturar clara e gema) obs: a minha massa ficou um pouco seca, me diseram que se fizer com 2 gemas ao invés do ovo inteiro fica melhor, mas ainda não testei
1 colher de sopa de leite + 1 colher de sopa cheia de fermento royal (juntar o 2 pra deixar fermentar um pco antes de colocar na massa)
4 bananas nanicas maduras (+ ou -)
canela e açúcar para polvilhar

Preparo da massa:
colocar numa tigela a manteiga e a farinha e misturar com os dedos até ficarem misturados. Depois, faz um buraco no meio e vai colocando os outros ingredientes aos poucos e continua misturando com as mãos pra fazer tipo uma farofa molhadinha. Não pode ficar nem muito grudenta, nem muito seca. (Eu não coloquei toda a farinha de cara, fui dando o ponto no final).Depois de pronta para trabalhar, colocar uma camada bem fina numa forma refratária média. Separar um pouco da massa para a camada superior.Recheio: cortar a banana em fatias compridas e fazer uma camada uniforme por cima da massa. (pode ser 1 ou 2 camadas, a gosto). Polvilhar canela e açúcar por cima e espalhar bolinhas de manteiga. Pode colocar também raspas de limão se quiser.

Camada superior da torta:
Abrir a massa sobre farinha numa superfície apropriada e cortar em fatias finas e longas (tipo fetuccine!) e ir colocando por cima da camada de bananas na transversal, formando uma trama em xxxxxxxxxxxxxxxx. Coloca no forno médio sem cobrir até dourar.Obs: essa massa 'podre' serve pra várias coisas, como quiches, tortas salgadas e empadas, é só tirar o açúcar e por uma pitada de sal. Outro dia fiz quiche de espinafre e ficou ótimo (mas isso fica pra um outro post).

domingo, 3 de maio de 2009

casamento à moda antiga

Acabo de voltar do casamento da minha prima Maria, e não paro de pensar no evento.
Foi um casamento home made, na casa dos pais dela, tudo feito em casa pela família e amigos, um dos melhores que já fui! Saí pensando que é assim que os casamentos deveriam ser - e provavelmente como deve ter sido, provavelmente, o dos meus avós e muitos outros daquela época.
Na cozinha, formou-se uma equipe coordenada pela Tia Kike: a Helena que trabalha em casa, o Luciano e o Nito da casa da minha mãe, a Iara da casa da Pati, o pessoal da casa da Tia Suva (mãe da noiva) e assim foi, todo mundo trabalhando a semana inteira. Vovó Linda fez os doces. Tia Suva, Tia Chinho na decoração, e mais um monte de gente que nem sei dizer ou que nem ficamos sabendo...
O menu? Repleto de clássicos da família -ou famiglia , a mesa era só fartura de antepastos maravilhosos e duas massas quentinhas e gostosas. Salada de grão de bico com bacalhau da vovó (essa tem no livro!), rosbife da Tia Kike, abobrinha e beringela em conserva, coalhada seca com azeite e romã, um salmão maravilhoso meio defumado preparado em casa (esse, meu avô Abel, degustador de paladar apurado e super exigente, quis a receita e até pediu um pouquinho pra levar pra casa!!!), duas saladas verdes bem fartas - uma delas com figo e presunto cru muito boa, parmesão em lascas, salada de feijão branco (se não me engano, tem no livro tbm), salada de tomates cereja com mozzarela de búfala e manjericão, charutinhos árabes pra agradar a família do noivo, pães e nem sei mais o quê.
Esse menu permitiu que tudo fosse feito com antecedencia, um pouco em cada casa, mais ou menos como fazemos no natal - só que em bem maior quantidade. Só de grão de bico foram 5 kilos!!! Pratos quentes, um penne clássico com molho de tomate fresco, mozzarela de búfala e manjericão e um ravioli de queijo de cabra com molho branco.
Sobremesas? Merengue com morangos, sorvetes maravilhosos com casquinhas fresquinhas pra vc montar na hora - tem um de limão de uma sorveteria artesanal lá de Americana, o Bambitone, que é um arraso! - mousse de chocolate, e muitas outras coisas que não deu pra provar e não sei descrever, tudo lindo e gostoso. Ah, e frutas, é claro. Isso fora a maravilhosa mesa de doces e um bolo de noivos maravilhoso feitos pela Tia Pati (que, no caso, é a Pati Piva dos doces...).
A cerimônia foi na capelinha no jardim. ´
A música? De repente ouço uma voz linda e aveludade cantando Ave Maria e depois Panis Angelicus... Era Sandrinho, amigo querido e autor do vestido da noiva e dos vestidos de todas as mulheres em todas as ocasiões especiais da família. Nada mais apropriado e carinhoso.
Esqueci de contar um detalhe importante: foi um casamento de dia, seguido de almoço, uma tarde inteira pra aproveitar, e uma sopinha reconfortante no final daquelas que fazem a gente afundar no sofá e não ter a menor vontade de ir embora. Com direito a repeteco dos antepastos, claro!
A Lista? Começou com 150, 200... Dizem que chegou a 300 pessoas. Imagina, fazer um casamento home made pra 300 pessoas?! Pois é, elas fizeram, e estava impecável.
Marcelinho, meu mais velho, aproveitou muito: entrou de pajem, correu, dançou, comeu muuuuito chocolate, foi de colo em colo... Levamos ele pra casa pra dormir e voltamos pra festa. Quando ele acordou, voltamos pra casa, amamentei o João e acabamos levando os dois pra festa com a gente. Mais família que isso, impossível.
A alegria e o carinho entre as pessoas pairavam no ar, e estavam estampados na cara dos noivos, que eram só sorrisos, almas gêmeas que são.

Home Made, because home is where the heart is...

Ma querida, obrigada por esse dia maravilhoso em que compartilhamos da felicidade de vocês!

Receita para um bom casamento

1 casal de noivos apaixonados
2 famílias grandes que adoram estar juntas e fazer festa
1 casa aconchegante
3 mesas repletas de comida gostosa preparada com carinho
1 pitada de amigos queridos
1 tarde ensolarada de sol
música boa a gosto

mistura tudo e deixa rolar!

sábado, 2 de maio de 2009

a famosa farofa de pão

Parmesão dos pobres

Essa é uma receita tradicional na minha família, que vem do sul da Itália, onde as famílias que não tinham recursos pra comprar parmesão usavam essa farofa como substituto. Nada mal pra um substituto... Muita gente já me pediu essa receita, que ficou de fora do livro da vovó, então resolvi aprender pra poder ensinar direitinho.

Ingredientes:
4 pães amanhecidos (dica: ir congelando na medida em que forem sobrando, depois é só tirar do congelador e ralar direto)
2 a 4 dentes de alho (depende do quanto vc gosta de alho!)
1/2 cebola média ralada (opcional, só com alho tbm fica bom, e tbm já fiz só com cebola mas não é a mesma coisa)
4 colheres de sopa de manteiga ou margarina

Preparo:
Rale os pães amanhecidos na parte mais grossa do ralador. Reserve.
Coloque as 4 colheres de manteiga pra derreter numa panela em fogo baixo. Acrescente o alho e deixe dourar um pouco (muito cuidado pra não queimar o alho!!! Dá só uma murchada) e , se quiser, a cebola picadinha também. Vá despejando o pão ralado e mexendo bem, para que a manteiga se espalhe e cubra uniformemente. Deixe em fogo baixo, mexendo bem para não queimar no fundo e cozinhar por igual, até ficar dourada e crocante.
Tem uma versão com banana e outra com ovos e bacon, fica pra próxima.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

salmão com ervas, risos e lágrimas

Fui fazer compras e um salmão fresquinho acabara de chegar às prateleiras. Foi na semana que a Helena ficou doente, eu faria o jantar, decidi ali mesmo: seria salmão com ervas da vovó. Não sabia onde estava a receita, mas tava tudo mais ou menos na cabeça.
Mais tarde, em casa, separei os ingredientes e chamei o Marcelinho para me ajudar.

Comecei a mexer naquele salmão e minha mente foi imediatamente levada ao dia em que aprendi essa receita, na cozinha vendo minha avó preparar um almoço, tudo tão vivo que parecia que eu estava lá.


Era fim de julho ou começo de agosto de 2005. Um começo de tarde ensolarado e quase alegre, vovó na cozinha como sempre, cheguei perto querendo aprender. Bbloquinho de anotações na mão (que, por sinal, perdi!) e ela foi me ensinando: 'Primeiro, lava bem o salmão (era um filé grande, sem pele) na água corrente, esfrega bem ele, assim. Agora faz você'. Eu comecei a lavar o salmão e umas bolhinhas começaram a se formar, achei estranho e perguntei se por acaso ela tinha passado sabão no peixe. Ela deeeeu risada, aqueles olhos verdes com raios amarelos brilhando de alegria: 'hahahahha, olha Tânia (minha mãe, que estava do lado), ela acha que tem que lavar o peixe com sabão!!!' É claro que não, era só água, mas nos divertimos à beça com o episódio. Ela logo ficou séria e foi explicando, concentrada: você pega um pirex refratário, deita o peixe ali e vai temperando: coloca uma pitada de sal de cada lado, espalha bem; acrescenta um pouco de vinho branco (1/2 copo, mais ou menos), espreme meio limão e vai acrecentando ervas frescas - eu gosto muito de alecrim, orégano e tomilho (acho que eram essas, é possível que tivesse manjericão também), põe um pouquinho de cada. Rega bem com azeite. E o mais importante: vai provando e vendo se o tempero está ficando gostoso. Tá vendo? Prove. (ela provara primeiro). Está faltando um pouco de sal.

As palavras iam vindo na minha cabeça na medida em que eu ia preparando o prato, e o Marcelinho me ajudando. Lavamos o salmão, colocamos na travessa, temperamos com o que tinha em casa - estava sem vinho branco e o limão que tinha era aquele limão-cravo, e assim foi, e as queridas ervas frescas do jardim: tomilho, alecrim e orégano, 1 ou 2 galhinho de cada. Marcelinho se divertiu esfregando os temperos no peixe, colocou a mão na massa. Era como se estivéssemos cozinhando a 6 mãos, eu, ele e a 'Bisa' Anna, cuja presença era tão forte que pareceia que estava ali, cozinhando com a gente... Provei o resultado da nossa mistura e até que estava bem gostoso, e junto com o tempero veio o sabor daquele dia com a vovó, uma saudade gostosa e vibrante.
Cobrimos a travessa e deixamos o salmão descansando no tempero enquanto preparávamos os outros pratos.
De acompanhamento fiz um purê de mandioquinha e arroz de 7 grãos. O Marcelinho se empenhou me ajudando a espremer a mandioquinha com o espremedor, adorou, queria comer direto e mal me deixou acrescentar um pouco de leite e margarina pra ficar mais cremoso. Apesar da idéia inicial ser assar o salmão, decidi grelhar um pedaço pro Marcelinho pra ir mais rápido, ele já estava com fome. Ficou delicioso! Ele comeu muuuito salmão com purê de mandioquinha, sozinho, sentado no banquinho da cozinha. O arroz ficaria para os adultos.
O Filé (meu marido, não o de salmão!) demorou pra chegar e o peixe acabou mais cozido do que eu gostaria, quase ressecado, mas a refeição ficou muito gostosa. Da próxima vez quero deixar o salmão marinando no tempero por mais tempo e tentar acertar melhor o timing no forno - acho que uns 20 minutos, coberto com papel alumínio, teria dado. Ah, esqueci de contar que aproveitei o gergelim do arroz de frango do outro dia e coloquei por cima do salmão, ficou legal.

domingo, 26 de abril de 2009

post inaugural: comida é...

Comida pra mim remete a muita coisa:
Lembrança de infância, de viagem, de momentos, de gente querida.
Família unida em volta da mesa (ou do fogão).
Costume que passa de geração em geração, de mãe para filha, de avó para neta.
Prazer, descoberta, despertar para os sentidos e para a vida.
Saúde, escolhas, identidade, vida, natureza.
Cuidado, carinho, conforto, aconchego.
Vinho.

Esse é o universo desse blog!

A minha idéia é escrever toda semana, contar como andam minhas aventuras na cozinha - que têm se tornado cada vez mais frequentes - e tudo que elas me rementem. Receitas minhas e da minha família, histórias, impressões e o que mais vier na cabeça e der vontade.
Falar de comida pra mim está inevitavelmente ligado à minha avó Anna, maravilhosa cozinheira (e avó também!) e fonte de inspiração pra mim e pra muita gente. Cozinhar e escrever sobre isso aqui no blog é um jeito de estar mais perto dela e matar a saudade... Por isso pode aparecer uma ou outra história sobre ela, mesmo que não tenha diretamente a ver com comida...
É isso aí, vamos ver no que dá!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

arroz com frango, frango assado, caldo de frango...

Hoje a Helena chegou super gripada pra trabalhar e a casa estava uma bagunça. Decidi aproveitar minha empolgação com a cozinha e disse que faria o jantar.Logo me veio na cabeça o arroz com frango que vi outro dia num site e gostei (http://www.mixirica.com.br/). De saída, ela perguntou se queria que eu descongelasse algo e eu disse 'um frango'. Assim, vago. Repassei os ingredientes na cabeça e o único que não tinha era gergelim, que comprei no caminho de casa. Quando chego, já quase 6 da tarde, olho pro frango descongelado na pia e... sobrecoxas com pele. A receita dizia frango picadinho, não especificava qual, mas com certeza teria sido mais fácil uns filezinhos, ou melhor ainda, ter comprado cortadinho no açougue! Não sabia por onde começar, mas lá fui eu. Puxava de um lado, de outro, cortava fora o pedaço errado, pele que não desgrudava, osso, um monte de meleca... Ridículo! Fora que aquilo ia demorar horas. Decidi partir pra um frango assado. Peguei uma travessa, coloquei os 4 pedaços de frango lá - um já sem a pele, depois de muito esforço - e comecei a temprerar de improviso: sal, limão - um limão-cravo orgânico que tava muito cheiroso, um pouco de vinho branco que tinha na geladeira, uma pitada de orégano, lemon pepper que estava à mão, azeite, rodelas de cebola e alho, misturei e esfreguei tudo no frango e pus no forno. Esqueci de cobrir com papel alumínio, então decidi que ia ficar assim mesmo e acrescentei água pra não ressecar. Na última hora me lembrei que da última vez que fiz frango assado demorou mais de 1 hora, então achei melhor continuar a batalha com 1 dos 4 pedaços (o sem pele, claro) pra fazer o tal do arroz de frango pro Marcelinho, que já dava sinais de fome. Piquei o frango com muito custo, fiz tudo mais ou menos como falava na receita - de cabeça, meio chutado, como sempre... - e diminuí um pouco as quantidades. Incluí uma cenoura ralada pra ter algum legume na 'refeição'. Dourei o frango, acrescentei o arroz, a água e etc e deixei cozinhando, com o pano em volta da panela - outra parte misteriosa da receita q não sabia muito bem como fazer, acabei queimando a ponta do pano e por pouco não ponho fogo na cozinha! Bem nessa hora o João começou a resmungar e fui acudir. A Rose (babá) brincava com o Marcelinho lá fora. Dali a uns instantes sinto cheiro de queimado de novo, fui olhar e era o arroz - a água evaporara muito rápido e já estava começando a queimar embaixo!!! Devolvi o João pro carrinho, desliguei o fogo, peguei outra panela correndo, raspei a parte de cima do arroz que não tinha queimado e coloquei lá com mais água - bastante dessa vez! - e liguei o fogo novamente. Ufa! Por pouco o Marcelinho não fica sem jantar. Fiquei rindo sozinha das minhas trapalhadas. Fui dar de mamar pro João e deixei o arroz cozinhando novamente. No final o arroz demorou tanto pra ser elaborado tão brilhantemente por mim que ficou pronto junto com o frango assado. Lá pelas 7 e meia da noite, chamo o Marcelinho toda orgulhosa pra servi-lo da minha obra-prima e ele olha pra panela e diz 'Mas... eu não quero arroz!' Oh-Oh... Fiz algumas tentativas, mas ele, que estava já bem cansado e 'passado do ponto', nem provou. Achei melhor não discutir, peguei o super frango assado do forno, piquei e esquentei um resto de macarrão que tinha na geladeira no microondas e pronto. No final das contas, o arroz ficou uma delícia e foi degustado por mim e pelo Marcelo meu marido (digo degustado porque, depois da 'perda quase total', não sobrou muita coisa...) e o frango assado ficou incrivelmente bom, cítrico, bem macio, me surpreendeu. Fiz uma massinha com manteiga e sálvia - fresquinha, direto do jardim! - pra acompanhar e comemos, felizes, um pouco mais tarde, assim que os meninos nos deram uma trégua. Ah, e pra fechar com chave de ouro, peguei o que sobrou do frango, pedaços de cenoura, cebola, tomate, umas ervas do jardim e nem sei o que mais e pus tudo na panela com bastante água pra fazer um caldo. vamos ver...
(receita original do arroz com frango no link http://mixirica.uol.com.br/blog.php?id=606 )

quarta-feira, 25 de março de 2009

Fusili com Ragú de Vitela

RELATO

Esse é um dos meus pratos preferidos - minha avó fazia muito bem e tinha de vez em quando na casa da minha mãe também. Eu estava com desejo de comer esse prato e pedi pra ser feito no meu aniversário mas não ficou igual... Então resolvi por a mão na massa e aprender eu mesma, aproveitando que ia receber dois casais de amigos em casa.Pedi a receita pra minha mãe, que está com o livro de receitas da minha avó. Ela separou a receita pra mim (mas acabei não conseguindo pegar) e falou os ingredientes que lembrava – vitela moída, salsão, cenoura, pecorino... Já fui logo anotando.Fui fazer compras e tive que passar no açougue e em 2 mercados diferentes pois a vitela moída e o pecorino italiano são difíceis de achar, e quando estava chegando cheia de fazer compras em casa minha mãe me liga pra dizer que esqueceu de falar 2 ingredientes, a mozzarela de búfala e a hortelã. Não acreditei, que preguiça sair de novo... Fora que nunca ia imaginar que esse molho tinha esses ingredientes, e ter que sair de novo àquela altura ia atrasar tudo. Mas ela foi muito fofa como sempre e trouxe a mozzarela e a hortelã pra mim.Outra coisa engraçada que descobri é que foi minha mãe que passou a receita pra minha avó, e não o contrario! Pois é, às vezes essas coisas acontecem no caminho inverso também... Mas minha avó sempre ‘personalizava’ as receitas, usava como base e ia fazendo tudo do seu jeito.Bom, lá fui eu pra cozinha, com a super ajuda da Helena.Até então ainda não sabia como preparar o molho, só tinha os ingredientes. Resolvi falar com o cozinheiro da minha mãe, o Luciano, que me contou que também ia tomate (ufa, esse eu tinha em casa), e foi me descrevendo no telefone como preparar: “você refoga a carne como carne moída normal, acrescenta a cenoura e o tomate, vai colocando os outros ingredientes e no final, antes de servir, põe os queijos. Salsão e louro você põe bem pouquinho, tomate põe bastante.”Comecei a fazer e as dúvidas foram surgindo. Olhei pro salsão e não sabia por onde começar, nem qual parte dele usar! A Helena me explicou que eram os talos e que, se era pra colocar pouco, devia ser uns 2 talos. Eu achei um monte, pra mim pouco é uma colher de chá! E as folhas de louro? Tinha comprado um pacote, pensei que deveria colocar pelo menos umas 3 ou 4 folhinhas...Resolvi ligar pra confirmar. Ele disse que era isso mesmo, 2 talos de salsão picadinho, e de louro 1 folha só que é forte. Cenoura, uma xícara cheia. Tomate, um prato de sopa (8 a 10 tomates), tudo picado em cubinhos. E a hortelã?? Uma xícara também. Deixamos tudo pronto, separadinho, picadinho, pra na hora só ir colocando na panela. Liberei a Helena, agora era por minha conta.E assim foi. Comecei com a carne, primeiro coloquei o alho depois a cebola pra refogar, acrescentei a vitela. Outra dúvida: quanto tempo devo refogar a carne até começar a acrescentar outros ingredientes??? Fui meio no chute, foi sumindo o vermelhinho e eu já botei logo a cenoura, depois o tomate e o resto das coisas – menos os queijos, claro!Uma dica é deixar sempre uma chaleira com água fervendo por perto e acrescentar se o molho começar a ‘secar’. Aliás, é sempre bom ter água quente por perto quando se está cozinhando, uma boa dica que D. Helena me ensinou. Enquanto cozinhava, eu mexia de vez enquanto e fui terminando de cortar a mozzarela de búfala que tinha esquecido, e ralar os queijos, pecorino e parmesão – misturar os 2 nas massas era outro segredinho da vovó, e nessa receita dá um toque especial.O molho já estava quase pronto e um dos casais ainda não tinha chegado, então deixei no ‘piloto’ (fogo beeem baixo) e pus a água do macarrão pra esquentar, e finalizaria o molho quando os convidados chegassem e o macarrão estivesse quase pronto. Aí eu errei, deveria ter desligado o fogo... Tudo demorou mais que o esperado, acabou que o foguinho baixo ficou ligado e ressecou o molho... Não estragou, mas não ficou aqueeele ragú do jeitinho que eu queria. É difícil acertar esses timings na cozinha, e era a primeira vez que eu estava pilotaqndo sozinha praticamente todo o jantar: massa com ragú de vitela, peixe grelhado com molho de manjericão e farofa de pão (um clássico da vovó!). O peixe deu quase certo também, ficou gostoso mas preciso tentar de novo pra ver se chego mais perto do original na próxima. A farofa de pão já estava praticamente pronta, era só esquentar... E na correria acabou queimando! A sobremesa ia ser suflê de goiabada da vovó, mas me atrapalhei e não consegui fazer, então virou goiabada cascão derretida com requeijão quente. Ninguém reclamou! No final estava tudo ótimo, foi muito divertido e a verdade é que comemos surpreendentemente bem. O vinho era um Dolceto d’Alba, precedido por um Rosé argentino.

Aqui vai a receita do ragú como me passaram:

RECEITA - Fusili com Ragú de Vitela

Ingredientes (para 6 pessoas):
600g de fusili, de preferência integral e italiano
2 cenouras médias picadas em cubos pequenos (entre 0,5 e 1 cm mais ou menos)
2 talos de salsão picados em cubinhos (dica: antes de cortar, lave raspe todo o lado de fora com a faca pra tirar os fiozinhos/fiapinhos a partir das pontas)
8 a 10 tomates sem casca e sem sementes, cortados em cubinhos
1 folha de louro
1 xícara de hortelã picada
1 xícara de mozzarela de búfala
Queijo pecorino ralado (mais ou menos uma xícara cheia)
Queijo parmesão ralado (idem)
Sal a gosto
Cebola e alho para refogar a carne (ver qtde)
Molho de tomate feito em casa (opcional – o Luciano diz que põe, além dos tomates picados, um pouco de molho pronto pra deixar mais molhadinho. Eu não tinha do feito em casa, só de latinha e esse eu não recomendo, então foi só com os tomates picados mesmo)

Preparo:
Separe e pique todos os ingredientes. Coloque um pouco de azeite na panela e jogue o alho. Quando começar a dourar, acrescente a cebola. Espere até que ela murche um pouco, e despeje a carne. Misture bem e deixe que cozinhe um pouco e vá acrescentando os outros ingredientes: a cenoura, o tomate, salsão, hortelã e louro. Cozinhe até que a cenoura esteja molinha. Enquanto isso, ferva a água do macarrão, acrescente sal e um fio de óleo e coloque o macarrão pra cozinhar ( colocar a água para ferver deve ser a primeira coisa pois dependendo da quantidade demora). Vá mais ou menos pelo tempo da embalagem e prove o macarrão pra ver se está no pojnto antes te tirar. Deve estar ‘al dente’, nem muito duro (cru) nem muito mole (sonso e melequento). Quando o macarrão estiver quase pronto, acrescente a mozzarela, o pecorino e o parmesão ao molho quente e misture um pouco.Na hora de colocar na travessa, nós costumamos colocar primeiro um pouco de queijo e molho por baixo, coloca metade do macarrão, mais queijo e mais molho, aí joga a outra metade e em cima outro tanto de molho e queijo. Vovó sempre gostava de deixar um pouco de molho à parte pra quem quiser se servir mais. Ah, e não é pra colocar todo o queijo no molho, deixe mais ou menos metade reservado para as pessoas se servirem a gosto.
Não é difícil, só um pouco trabalhoso, e fica uma delícia!

Servi também nesse jantar:
Panzanella – salada de tomate, pão italiano em cubos, azeitonas roxas e manjericão
Farofa de pão
St Peter com molho de manjericão
goiabada cascão derretida com requeijão quente

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